terça-feira, 21 de agosto de 2018

A raposa e as uvas

- Ora que vida desgraçada esta – ia murmurando a raposa, enquanto caminhava por uma estrada, alta noite, direito a um povoado.
- Já lá vão dois dias que me deito sem cear, depois de passar o dia todo quase sem comer. Quem pode aguentar-se com uma fome destas? E é que nem uma galinha, nem um pinto, sequer, aparece por aí de forma a poder eu apanhá-lo. Nem os mais velhos se lembram de ter havido alguma vez uma fome destas. Como pode alguém mexer-se, andar, viver assim? As minhas pernas vergam-se sem força! Que desgraça! Se passo mais esta noite sem comer, amanhã nem posso levantar-me… Eu agora comia qualquer coisa, nem que fosse um chinelo velho…
Chegando à povoação, a raposa saltou para uma quinta, e, cautelosamente, a farejar, começou a andar por entre as árvores, à procura de uma capoeira.
- Estou para ver se nem uma ninhada de pintos encontro aqui… Que desgraça… que desgraça…
Ia por debaixo de um parreiral e, fazendo estas exclamações, levantou os olhos chorosos para o céu não viu o tal Deus, mas viu um lindo cacho de uvas, madurinho que devia ser uma delícia. Estacou a contemplar as uvas e disse baixinho:
- Que bem me sabiam aquelas uvas, se eu pudesse apanhá-las…
Começou a dar saltos a ver se conseguia alcançar o cacho, mas por mais esforços que fizesse não pôde chegar-lhe.
            Então continuou a caminhar, a caminhar, à procura da capoeira, e disse em voz alta:
            - Muito tola sou! Para que queria eu as uvas, que é coisa de que não gosto e demais estando tão verdes… Até podiam estragar-me os dentes…
            Eis como a raposa, não podendo apanhar as uvas cobiçadas, fingiu que as desprezava, para não demonstrar a sua fraqueza. É isto exatamente o que muita gente faz.


 Alsácia Fontes Machado, Fábulas de Animais e Outras, Veja, 1994

sexta-feira, 17 de agosto de 2018

Mickey Mouse Babie feu Pot oublié d'éteindre le poêle! Minnie Mouse Anim...

O galo e a pérola








Um galo viu perdida,
Uma pérola polida
Que abandonou aos pardais…
“Admiro – disse – o seu brilho,
Mas se fosse um grão de milho
Para mim valia mais!”

Também um pobre ignorante
Que herdara um livro importante
O foi vender ao livreiro,
Dizendo com seus botões:
“Mais me valem dez tostões
Que ao menos sempre é dinheiro.”

João de Ramos (versão de), Fábulas para Gente Jovem, Cultarte, s/d


quarta-feira, 15 de agosto de 2018

A lenda da Atlântida




Há muitos, muitos anos, teria existido a meio do oceano uma grande ilha ou mesmo um continente, chamado Atlântida.
Era uma terra maravilhosa, com clima suave, grandes bosques, árvores gigantescas e planícies tão férteis que davam duas ou mais colheitas por ano. Nas grutas abrigavam-se animais selvagens e pelos montes corriam manadas de cavalos brancos.
Os atletas eram ricos, poderosos e muito civilizados. Construíram cidades fantásticas. Os palácios e templos tinham as paredes cobertas de marfim e de metais preciosos como ouro, prata e estanho.
Havia também jardins, ginásios, estádios ricamente decorados com belas estátuas. Nos portos abrigavam-se milhares de navios.
As jóias eram fabricadas num metal que só eles possuíam, o oricalco, mais valioso do que o ouro.
Houve uma época em que o rei da Atlântida conseguiu dominar várias ilhas em redor, grandes extensões da Europa e uma parte do Norte de África. Mas acabou sendo derrotado pelos gregos de Atenas.
A Atlântida desapareceu devido a um tremor de terra violentíssimo. Foi engolida pelo mar numa só noite.
Há quem diga que os únicos vestígios deixados à superfície foram postas de lado.
Mas também há quem garanta que os cumes das montanhas ficaram de fora transformados em ilhas e que essas ilhas são os Açores.
Na Antiguidade, as notícias a respeito da Atlântida passaram de boca em boca durante muitas gerações. O primeiro que as registou por escrito foi um pensador grego chamado Platão, que viveu no século V antes de Cristo.
Depois, muita gente escreveu a respeito do continente desaparecido. No início do nosso século já havia mil e setecentos livros publicados sobre o assunto e raro é o ano em que não aparecem estudos, artigos em jornais e revistas, livros variados.
Certas associações continuam a procurar desesperadamente os restos da Atlântida no fundo do mar.

Ana Maria Magalhães e Isabel Alçada


terça-feira, 7 de agosto de 2018

A Lebre e a Tartaruga





A Lebre andava sempre ligeira, quase a correr como o vento, e fazia-lhe nervoso ver a pachorrenta da Tartaruga a caminhar vagarosamente para onde quer que fosse. Chovesse ou fizesse sol, houvesse perigo ou não, a Sra. Tartaruga não passava do seu passo habitual, pausado e sossegado.
Nos dias de festa, quando a bicharada combinava para sair junta e todos se punham a andar, era certo e sabido que a velha Tartaruga ficava à cauda do rancho, a fechar a marcha, a andar compassada, tão mole, tão mole, que a Lebre tomava fôlego, andava pelas duas e duas à frente de todos, a correr, como lebre que era.
            E um belo dia não se conteve e disse para a Tartaruga:
            - Se eu fosse como a senhora já tinha morrido de aborrecimento. Eu podia cá andar nesse passinho de enterro! Eu ainda queria vê-la correr comigo, a ver se espertava.
            - Muito bem – respondeu a Tartaruga, pacatamente. – Vamos lá experimentar isso. Fazemos uma corrida de cinco quilómetros, e aposto que quem vai ganhá-la sou eu.
            - Bonita aposta! – replicou a Lebre. – Vamos já sair de dúvidas.
Convidaram a raposa para juiz e ambas partiram para a corrida.
A Lebre, como sempre, largou veloz como um foguete e em pouco tempo se perdeu de vista. A Tartaruga, como era seu costume, deixou-se ficar a andar lentamente, a andar… a andar… pela estrada fora.
            Depois de correr um bocado, a Lebre voltou-se para trás e, não avistando a tartaruga, deu uma gargalhada.
            - A esta hora ainda ela está dando as primeiras passadas. Nem me vale a pena andar mais por agora. Até tenho tempo de dormir uma soneca enquanto espero por essa papa-açorda.
            E deitou-se na relva fresquinha e apetitosa que havia à beira do caminho, principiando logo a dormir. Dormiu, sonhou, ressonou… e entretanto a Tartaruga, que vinha a andar devagar, muito devagarinho, mas sem perder um momento, passou junto dela, viu como a sua contendora dormia descuidadamente, sorriu-se e continuou o seu caminho.
            Quando a Lebre acordou voltou a olhar para trás.
“Ainda não há de vir a meio caminho” pensou. Agora em quatro pulos chego ao fim e ganhei a aposta.“
Mas quando olhou para diante viu a Tartaruga, que acabava de chegar naquele instante ao lugar combinado para o fim da corrida. Tinha ganho a aposta!
            E a Lebre, abatida no seu orgulho de boa corredora, ficou a pensar:
“Não é por muito madrugar que amanhece mais cedo.”

ALSÁCIA FONTES MACHADO, Fábulas de Animais e Outras, Editora Vega, 1994




quinta-feira, 12 de julho de 2018






Amizade
Nas estradas da poesia da gente
Brilham corações de Amor, de Luz e Luar
Em sorrisos sinceros de atenção plena,
Transformando a vida todos os dias
Numa mistura grandiosa de sentimentos de esperança.

A distância e o tempo partilham-se na saudade
Deitando por terra juízos de valor e comentários prefixos
Trazendo outro sim palavras e atos de ânimo e leveza
E muita vontade de dar e receber
Conversas e atitudes de passados e projetos.

O Mundo pode desabar, implodir,
E até dar ao futuro um tom de desgraça
Mas aquele sorriso num abraço
Acolhe com a força de um querer bem qualquer fragilidade.
E a vida tropeçada e caída levanta-se rumo à melodia.

É assim a cor da amizade
Num arco iris cinzento, colorido e partilhado
Num agradecimento profundo e leve
E há quem diga “Amizade é quase Amor”
Ao que contraponho e digo “Amizade é Amor”
Que acolhe do outro a vida, a alegria e a dor.

Do Alexandre Mateus da Silva para mim 

OBRIGADA

sexta-feira, 6 de julho de 2018

O lobo e o cordeiro





Como naquele verão fazia muito calor, um lobo dirigiu-se a um ribeirito. Quando se preparava para se mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor de erva a mexer-se. Virou-se a cabeça nessa e viu, mais adiante, um cordeirinho que bebia tranquilamente.
“Vem a propósito!” – pensou o lobo de si para si. – “Vim aqui beber e encontro também o que comer…”
Aclarou a voz, pôs um ar severo e exclamou:
- Eh! Tu aí!
- É comigo que está a falar, senhor? – perguntou o cordeiro. – Que deseja?
- O que é que desejo? Mas é evidente, meu malcriado! Não vês que ao beber me turvas a água? Nunca ninguém te ensinou a respeitar os mais velhos?
- Mas… senhor! Como pode dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua… Além disso, com sua licença, eu estou mais abaixo e o senhor mais acima. A água passa primeiro por si e só depois por mim.
Não é possível que esteja a incomodá-lo! – respondeu o cordeirinho com voz trémula.
- Histórias! Com a tua idade já me queres ensinar para que lado corre a água?
- Não, não é isso… Só queria que reparasse…
- Qual reparar nem meio reparar! Olha que não me enganas! Pensas que te escapas, como no ano passado, quando andavas por aí a dizer mal da minha família? “Os lobos são assim… os lobos são assado…” Tiveste muita sorte por eu nunca te ter encontrado, senão já te tinha mostrado como são os lobos!
- Não sei quem lhe terá contado tal coisa, senhor, mas olhe que é falso, acredite. A prova é que no ano passado eu ainda não tinha nascido.
- Pois se não foste tu, foi o teu pai! – rosnou o lobo, saltando em cima do pobre inocente.
Moral da história: para alguém decidido a fazer o mal a todo o custo, qualquer razão serve, ainda que seja uma mentira.


Esopo, As Mais Belas Fábulas de Esopo, Civilização Editora, 1994   

terça-feira, 5 de junho de 2018


O galo e a galinha

Dizia o galo para a galinha:
- Vamos casar a nossa filhinha.

- A nossa filhinha casada será,
e agora o noivo, donde virá?

- Dizia o galo, que estava a cantar,
que estava pronto com ela a casar.

- O noivo já nós temos, já,
agora o padrinho, donde virá?

Dizia o rato, lá do buraquinho,
que estava pronto para ser o padrinho.

- O padrinho já nós temos, já,
agora a madrinha, donde virá?

Dizia a cabra, lá do meio da vinha,
que estava pronta para ser a madrinha.

- A madrinha já nós temos, já,
agora o enxoval, donde virá?

Dizia a aranha, lá do aranhal,
que estava pronta para dar o enxoval.

Enxoval já nós temos, já,
agora a cozinheira, donde virá?

Dizia a rola, que andava a rolar,
que estava pronta para cozinhar.

- Cozinheira já nós temos, já,
servir à mesa, donde virá?

Dizia a andorinha, com sua ligeireza,
que estava pronta para servir à mesa.

- Servir à mesa já nós temos, já,
mas o bailarico donde virá?

Diziam os mosquitos, que andavam no ar,
que estavam prontos a irem bailar.

- Bailarico já nós temos, já,
mas o gaiteiro, donde virá?

Dizia o burro, lá do seu palheiro,
que estava pronto para ser o gaiteiro.
- O gaiteiro já nós temos, já,
ao casamento nada faltará.

Alice Vieira, Eu bem Vi Nascer o Sol, Editorial Caminho, 2007

domingo, 28 de janeiro de 2018

                                                     





                                                       Como você trata os animais?


O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel. Prov. 12:10.

Você sabia que o caráter de uma pessoa pode ser medido pela maneira como trata os animais? “O justo,” afirma Salomão, “atenta para a vida dos animais.” Na verdade, o justo atenta para a vida. Sabe que a vida é uma expressão do amor de Deus. No caso dos animais, é uma vida dependente.
Quando Deus criou o ser humano, disse-lhe: “Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo o animal que rasteja pela terra.” Gén. 1:28.
O verbo dominar não significa apenas subjugar com propósitos egoístas, mas cuidar e proteger. A vida humana é uma vida inteligente, e os animais são seres irracionais.
A maneira como tratamos os animais expressa, de certo modo, a maneira como tratamos a vida e os seres humanos que estão sob a nossa responsabilidade. As pessoas merecem compaixão. Merecem justiça.
Seja justo. “O justo atenta para a vida.”
No lado oposto da justiça está a injustiça, que se deriva em crueldade. O perverso é déspota até quando é compassivo. Olha para baixo.
Como se, pelo facto de precisarem de ajuda, as pessoas fossem menos humanas do que ele.
Se pudéssemos levar ao laboratório os sentimentos do perverso, veríamos que a crueldade não passa de uma autopunição inconsciente pelo desassossego que seu coração sente. O perverso não é feliz. Não sabe explicar por que, mas sente que falta algo e se culpa por isso e se maltrata com atos de crueldade para com os demais. Acredita que isso aumentará a dor que ele inconscientemente acha que merece.
Se pudesse olhar em outra direção, veria que ser feliz é simples. Não tem complicação nenhuma. É apenas reconhecer-se como criatura. Reconhecer que existe Deus. Seguir os Seus conselhos e enfrentar as lutas da vida com a certeza de que não está sozinho.
Viva hoje uma experiência de amor e de justiça. Faça o bem a quem supostamente precisa de você, porque: “O justo atenta para a vida dos seus animais, mas o coração dos perversos é cruel.”


Extraído por: Janelas para a Vida

Escrito por: Pastor Allejandro Bullon



 

domingo, 14 de janeiro de 2018


Uma Explicação Improvável

E disse Maria ao anjo: Como se fará isto, visto que não conheço varão? E, respondendo o anjo, disse-lhe: Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra; pelo que, também, o Santo, que de ti há de nascer, será chamado Filho de Deus… Porque, para Deus, nada é impossível. Lucas 1:34-37.

Maria podia ser jovem, inocente e provavelmente um pouco ingénua, mas ela conhecia os factos da vida. Ela também compreendia que os bebés não vêm do ar, que é preciso um homem e uma mulher para os conceber. Daí a sua pergunta ter sido muito apropriada: “Mas como posso ter um filho? Eu sou uma virgem” (Lucas 1:34, A Bíblia Viva); “Não sou casada” (Philips); “Nunca dormi com um homem” (Message).
            A pergunta foi bastante normal – uma reação esperada. A resposta de Gabriel, porém, deve ter feito esta jovem mulher cair das nuvens: “Descerá sobre ti o Espírito Santo, e a virtude do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra” (versículo 35). Eis aqui uma explicação que é única e incompreensível. Faz parte da Incarnação. Por esta altura a cabeça de Maria devia estar num redemoinho, com todo o tipo de emoções extraordinárias.
Contudo, o que estava claro na situação é que a criança teria por pai Deus Espírito Santo.
Temos aqui um mistério que nem conseguimos sequer começar a entender. A Bíblia não procura explica-lo, cita-o simplesmente como facto.
            A criança que iria nascer dessa improvável união é chamada “o Santo”. A ideia fundamental contida na palavra “santo” (hagios) é “separado” ou “diferente”. O que é santo é separado dos caminhos pecaminosos do mundo e posto à parte para Deus e dedicado a Ele. O que interessa aqui é que, ao contrário de todo o resto da Humanidade, Jesus nasceu santo. Todos os outros seres humanos poderão tornar-se santos no segundo nascimento quando aceitam o Cristianismo (João 3:3-5), mas Jesus nasceu dessa forma no Seu nascimento natural. Ele entrou no mundo num estado nascido de novo. Por isso, Ele teve o desejo de fazer o bem desde o Seu nascimento.
            Ouve-se, nalguns círculos, muita argumentação sobre a natureza humana de Cristo. É difícil seguir todos os argumentos. A Bíblia, no entanto, logo no começo da história do Evangelho diz-nos que Jesus era diferente na medida em que nasceu santo. Ninguém disse isto a meu respeito (nem a seu respeito, leitor) quando nasci. Só que eu também não nasci de uma virgem, tendo como meu pai o Espírito Santo. Se o tivesse tido, então, e só então, eu seria exatamente como Jesus. Ele nasceu santo, enquanto eu nasci sob os efeitos do pecado de Adão (Rom. 5:12).


Pai, ao meditarmos sobre o mistério da Incarnação, ajuda-nos a aprender mais da majestade e da maravilha de tudo isso.


Fixa os teus olhos em Jesus

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018



Jesus e o Outro Princípio


Todas as coisas foram feitas por ele, e, sem ele, nada do que foi feito se fez. Nele estava a vida. João 1:3 e 4.

O primeiro princípio no Evangelho de João é um princípio sem começo, refletindo a eterna pré-existência do Cristo divino.
João, porém, apresenta um segundo princípio nos versículos 3 e 4 – o princípio da Criação. O apóstolo Paulo comenta sobre este começo quando escreve “nele foram criadas todas as coisas que há, nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, … tudo foi criado por ele e para ele” (Col 1:16). E o livro aos Hebreus declara que foi através de Cristo que Deus “fez, também, o mundo” (Hebreus 1:2).
                Assim, o Bebé de Belém era muito mais do que simplesmente mais uma pessoa na cansada história deste mundo. A Bíblia apresenta-O como o Deus Criador, que tem “vida” em Si mesmo” (João 5:26). O livro O Desejado de Todas as Nações capta esta verdade quando afirma que “em Cristo há vida original, não emprestada, não derivada.”
Foi ter essa vida em Si mesmo que capacitou o Verbo a agir na Criação. E não é por acaso que o apóstolo João descreve o Cristo criativo como o Verbo (ou a Palavra.) Afinal, é o ato de falar que anuncia o começo de cada dia da Semana da Criação. “E disse Deus” reflete o significado da Palavra (ou o Verbo) em João 1:1-5 (ver Gén. 1:3, 6, 9, 14, 20, 24).
Consequentemente, foi também o Verbo eterno que guardou o Sábado no final da Semana da Criação. “Assim,” é o que lemos, “os céus, e a terra, e todo o exército foram acabados. E havendo Deus acabado, no dia sétimo, a sua obra que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo, e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que criara e fizera” (Gén. 2:1-3).
Perante isto, não admira que Jesus tenha referido que “o Filho do homem até do Sábado é Senhor” (Marcos 2:28).
 O Evangelho de João não anda com rodeios quando se trata de apresentar Jesus. Ele não é apenas a criança nascida em Belém.
Não! Ele é o Deus eterno. Ele é o Criador de tudo o que existe. Ele tem vida em Si mesmo.


                Ao fixarmos os nossos olhos neste Jesus, a nossa mente é desafiada e fica maravilhada relativamente à verdadeira identidade do nosso Salvador.

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O Verdadeiro Princípio de Jesus


No princípio era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. João 1:1.

Aqui está o verdadeiro princípio da história de Jesus. Enquanto Mateus e Lucas começam os respetivos Evangelhos com o nascimento miraculoso de Jesus, e Marcos com o início do Seu ministério, João leva os seus leitores até ao princípio dos princípios.
             E que princípio foi esse? Comecemos por ir a Génesis 1:1. “No princípio, criou Deus os céus e a terra.” Contudo, não é aí que João 1:1 começa. Afinal, de acordo com o versículo 3 de João, Jesus já existia antes da criação narrada no Génesis, sendo Ele um agente ativo da mesma. (compare com Col. 1:16; Heb. 1:2).
Consequentemente, João faz recuar a nossa mente não de volta à história da Criação de Génesis 1, mas até à vasta eternidade anterior à Criação e até ao lugar de Cristo, o Verbo, no ilimitado infinito do tempo. Ellen G. White capta as profundidades dessa eternidade quando escreve que Cristo “era igual a Deus, infinito e omnipotente… É o Filho eterno, existente por Si mesmo.” (Evangelismo, p. 615). Quando o apóstolo João diz “princípio” quer dizer o verdadeiro princípio antes da criação fosse do que fosse.
O apóstolo prossegue fazendo duas outras afirmações a respeito do Verbo. A primeira é que Ele “estava com Deus.” O decorrer do quarto Evangelho ajuda-nos a compreender o significado desse “com”. O Evangelho apresenta Jesus como estando ao lado do Pai (João 1:18), o Pai a colocar todas as coisas nas Suas mãos (João 3:35), Ele o Pai sendo um (João 10:30) e assim por diante, ao longo da história do Evangelho. Desta forma, a segunda declaração de João acerca do Verbo, quando ligada à primeira, apresenta Cristo como o Verbo que, desde toda a eternidade, desfrutou de profunda intimidade com o Pai.
A última declaração a respeito do Verbo iguala-O a Deus. É importante notar aqui que João não diz que Jesus é o Pai. Afinal, o seu Evangelho apresenta os dois como entidades distintas, capazes de falar com e acerca um do outro. Desta forma, tanto o Pai como o Filho são identificadas nas Escrituras como “Deus” (comparar com Heb. 1:8). Podemos dizer que partilham o mesmo nome de família (Deus), mas têm diferentes funções.

Pai, ao nos curvarmos diante de Ti em oração, a nossa mente sente-se profundamente tocada pelo facto de o Bebé nascido como Jesus de Nazaré ser o eterno Deus. Obrigado pela Dádiva de todas as dádivas. Ao prosseguirmos com o nosso estudo, ajuda-nos a começar a aprender o significado dessa dádiva para o nosso mundo e para a nossa vida.

Extraído por: Fixa Teus Olhos em Jesus de George R. Knight

segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Onde começar?



E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo: Pois, na cidade de David, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Lucas 2:10 e 11.

Onde começar a história de Jesus? Esse é o problema. Naturalmente que poderíamos começar com o Seu nascimento em Belém. No entanto, isso faria perder a maior parte da história. Afinal, a descrição que a Bíblia faz dos Seus 33 anos da Terra pouco mais é do que a ponta do iceberg de uma existência que vem da eternidade no passado até à eternidade no futuro. Por isso, estas meditações matinais sobre a vida de Cristo começarão com a Sua história antes da incarnação e terminarão com o Seu ministério depois da Ascensão, o qual se prolonga até ao infinito.
O hino tema para o nosso percurso ao longo deste ano de contemplação do nosso Senhor é de Helen Lemmel, “Fixa Teus Olhos no Mestre”. Como parte da nossa experiência de meditação diária, deixo aqui a sugestão que cantemos o coro todos os dias:
        Fixa teus olhos no Mestre,
        Confia no bom Salvador,
        Fruirás, na luta terrestre,
       Maravilhas do Seu doce amor.
Depois de repetidas 365 vezes, garanto que as palavras terão sido memorizadas e que virão repetidas vezes à nossa mente ao longo do resto da nossa vida.
Entretanto, precisamos de fixar os olhos no Jesus anunciado na proclamação do anjo aos pastores em Lucas 2:10 e 11. É provável que o aspeto mais relevante desta passagem seja a referência ao bebé recém-nascido como “Cristo, o Senhor”.
Esta descrição teria saltado das páginas para os olhos dos primeiros leitores da Bíblia. Afinal de contas, “Senhor” é a palavra usada no grego para “Jeová”, precisamente o nome de Deus no Velho Testamento. Desta forma, o anúncio do anjo declarava aquela criança como divina. Mais tarde, os leitores gentios teriam captado a mesma mensagem, uma vez que o mundo pagão empregava frequentemente o termo referindo-se às suas divindades.
O termo Cristo é também uma expressão da divindade de Jesus, dado que é a tradução grega de “Messias”, palavra que significa “o ungido”. Embora se pudesse ver um rei ou um sacerdote como ungidos, os Judeus esperavam que em devido tempo, Deus enviara o ungido, alguém que cumpriria a Sua vontade de uma maneira especial.
E de que maneira! As “novas de grande alegria” que o anjo trouxe anunciavam que Jesus iria ser o “Salvador” de “todo o povo”. Juntemo-nos nós também à alegria dos anjos (versículos 13 e 14).


Extraído por: Fixa Teus Olhos em Jesus de George R. Knight