sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Noite Perdida



Coitado do Rouxinol!

Passou a noite ao relento,
do pôr ao nascer do sol,
sem descansar um momento,
sempre a cantar, sem dormir,
absorto no pensamento
de ver uma Rosa abrir...

Coitado do Rouxinol!

Passou a noite ao relento,
do pôr ao nascer do sol,
sempre a cantar, sem dormir...
Mas o mísero - coitado!
cantando tão requebrado,
com tal cuidado velou,
que adormeceu de cansado,
e os olhos tristes serrou
no minuto, no momento
em que ao luar e ao relento
a Rosa desabrochou...

Coitado do Rouxinol!

Com tal cuidado velou
do pôr ao nascer do sol,
e tanto, tanto cantou,
a noite inteira ao relento,
que de fadiga e tormento,
sem descansar, sem dormir,
fecha os olhos, perde o alento
no minuto, no momento
em que a Rosa vai abrir...

Coitado do Rouxinol!...

António Feijó