quinta-feira, 12 de julho de 2018






Amizade
Nas estradas da poesia da gente
Brilham corações de Amor, de Luz e Luar
Em sorrisos sinceros de atenção plena,
Transformando a vida todos os dias
Numa mistura grandiosa de sentimentos de esperança.

A distância e o tempo partilham-se na saudade
Deitando por terra juízos de valor e comentários prefixos
Trazendo outro sim palavras e atos de ânimo e leveza
E muita vontade de dar e receber
Conversas e atitudes de passados e projetos.

O Mundo pode desabar, implodir,
E até dar ao futuro um tom de desgraça
Mas aquele sorriso num abraço
Acolhe com a força de um querer bem qualquer fragilidade.
E a vida tropeçada e caída levanta-se rumo à melodia.

É assim a cor da amizade
Num arco iris cinzento, colorido e partilhado
Num agradecimento profundo e leve
E há quem diga “Amizade é quase Amor”
Ao que contraponho e digo “Amizade é Amor”
Que acolhe do outro a vida, a alegria e a dor.

Do Alexandre Mateus da Silva para mim 

OBRIGADA

sexta-feira, 6 de julho de 2018

O lobo e o cordeiro





Como naquele verão fazia muito calor, um lobo dirigiu-se a um ribeirito. Quando se preparava para se mergulhar o focinho na água, ouviu um leve rumor de erva a mexer-se. Virou-se a cabeça nessa e viu, mais adiante, um cordeirinho que bebia tranquilamente.
“Vem a propósito!” – pensou o lobo de si para si. – “Vim aqui beber e encontro também o que comer…”
Aclarou a voz, pôs um ar severo e exclamou:
- Eh! Tu aí!
- É comigo que está a falar, senhor? – perguntou o cordeiro. – Que deseja?
- O que é que desejo? Mas é evidente, meu malcriado! Não vês que ao beber me turvas a água? Nunca ninguém te ensinou a respeitar os mais velhos?
- Mas… senhor! Como pode dizer isso? Olhe como bebo com a ponta da língua… Além disso, com sua licença, eu estou mais abaixo e o senhor mais acima. A água passa primeiro por si e só depois por mim.
Não é possível que esteja a incomodá-lo! – respondeu o cordeirinho com voz trémula.
- Histórias! Com a tua idade já me queres ensinar para que lado corre a água?
- Não, não é isso… Só queria que reparasse…
- Qual reparar nem meio reparar! Olha que não me enganas! Pensas que te escapas, como no ano passado, quando andavas por aí a dizer mal da minha família? “Os lobos são assim… os lobos são assado…” Tiveste muita sorte por eu nunca te ter encontrado, senão já te tinha mostrado como são os lobos!
- Não sei quem lhe terá contado tal coisa, senhor, mas olhe que é falso, acredite. A prova é que no ano passado eu ainda não tinha nascido.
- Pois se não foste tu, foi o teu pai! – rosnou o lobo, saltando em cima do pobre inocente.
Moral da história: para alguém decidido a fazer o mal a todo o custo, qualquer razão serve, ainda que seja uma mentira.


Esopo, As Mais Belas Fábulas de Esopo, Civilização Editora, 1994