sexta-feira, 9 de setembro de 2011

Noite Perdida



Coitado do Rouxinol!

Passou a noite ao relento,
do pôr ao nascer do sol,
sem descansar um momento,
sempre a cantar, sem dormir,
absorto no pensamento
de ver uma Rosa abrir...

Coitado do Rouxinol!

Passou a noite ao relento,
do pôr ao nascer do sol,
sempre a cantar, sem dormir...
Mas o mísero - coitado!
cantando tão requebrado,
com tal cuidado velou,
que adormeceu de cansado,
e os olhos tristes serrou
no minuto, no momento
em que ao luar e ao relento
a Rosa desabrochou...

Coitado do Rouxinol!

Com tal cuidado velou
do pôr ao nascer do sol,
e tanto, tanto cantou,
a noite inteira ao relento,
que de fadiga e tormento,
sem descansar, sem dormir,
fecha os olhos, perde o alento
no minuto, no momento
em que a Rosa vai abrir...

Coitado do Rouxinol!...

António Feijó



5 comentários:

  1. Sempre tive pena deste Rouxinol! Desde miúda.
    Coitadinho! Até eu gostava de ver a Rosa a abrir! E o António Feijó acho que também...
    E tu? Olha, tens muitas possibilidades nos teus jardins...
    Pensa nisso e anda à espreita. Quem sabe tenhas sorte!

    Bom fim de semana. Tia

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  2. Olá Andreia! Sabes que este "teu" Rouxinol do António Feijó, me fez lembrar o canto de um rouxinol que, eu em miúda, à noite ouvia perto da minha casa no campo! Obrigada por me trazeres essa grata recordação. Marca sempre presença com os teus "escritos" que eu sempre gosto de ler! Beijinho da Rosário

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  3. Como vivemos nos arredores da cidade e ao lado de pinhais temos o privilégio de ouvir e até acolher num grande cedro do jardim alguns pássaros. São vários, mas não sei se haverá rouxinóis. Quem sabe? Rosas há... por que não um rouxinol? Vamos estar atentas para o ajudar a ver a Rosa a desabrochar e assim ele ficar mais feliz? Combinado!
    Beijinhos. Mãe

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    1. Para a mãe, parabéns pela filha. Para a filha, parabéns pela mãe.

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  4. este poema fazia parte da minha selecta do antigo 7º.ano liceu
    todos certamente desejamos ver desabrochar as rosas das nossas aspirações e esforço
    e traídos pela exaustão e tal como o rouxinol não conseguimos
    para alem da grata recordação do meu tempo de estudante pois sempre adorei este poema, faço um voto para que um dia todas as crianças vejam abrir as rosas que todos merecemos

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