Quem fez a proeza?
“Mas o que é que as crianças
estão a fazer outra vez?” suspirou a senhora Berner. Apanhou mais algumas
cenouras na horta, e dirigiu-se para casa. Há menos de cinco minutos ela tinha
posto a Karen e o Ted na cama, e agora via, de novo, a luz acesa no
caramanchão. Quando é que eles iam obedecer e ficar sossegados?
“Sempre pensei que podia
confiar neles.”
Murmurou para consigo. “Além
disso, eles estavam tão cansados que pensei que eles adormecessem
imediatamente.” Quando a senhora Berner chegou ao quarto dos filhos, não ouviu
barulho nenhum. A Karen já estava a dormir e o Ted quase.
“Por que foi que acenderam a
luz do pátio?” perguntou a mãe, um tanto ou quanto rispidamente. É que ela
também estava cansada e além disso decepcionada com os filhos.
“Não, mãe,” respondeu o Ted ”nós não acendemos a luz. Temos estado sempre
no quarto.”
“Acenderam pois – há alguns
minutos, quando eu vinha da horta. Diz a verdade, Ted! A luz não se acendia
sozinha. Tu andaste fora da cama. É muito melhor confessares já”, disse a mãe,
com ar repreensivo.
O Ted gostava muito da mãe.
Por isso, o que ela acabava de dizer, entristeceu-o. Sentou-se na cama, pôs-lhe
os braços à volta do pescoço, e explicou: “Pode ter a certeza, mamã, que nem eu
nem a Karen estivemos lá fora.” Então, a senhora Berner pôs-se a reflectir
gravemente.
Ela sabia que o interruptor do
pátio estava muito fluxo e que se podia ligar facilmente.
Mas, seria possível que, nessas
condições, a luz se acendesse sozinha? Impossível! No entanto, assaltou-a um
novo pensamento: “Dar-se-ia o caso de algum estranho ter entrado no pátio?”
Tendo ficado um tanto inquieta, dirigiu-se imediatamente ao caramanchão. O Ted
seguia-a, cheio de curiosidade. De facto, a luz estava acesa, tal como a mãe a
tinha visto da horta. Agora, a senhora Berner ia apagá-la.
Como toda esta história se lhe
afigurava misteriosa!
Então, de repente, ela
descobriu a solução.
Uma aranha, grande e gorda,
tinha feito a teia em cima do interruptor. Através dos seus movimentos activos,
a luz tinha-se acendido.
Quando a senhora Berner quis
tocar no interruptor, atirou com o bichito ao chão. O Ted ficou todo contente
por a mãe já o inculpar.
Esta também ficou satisfeita,
embora se sentisse arrependida de não ter acreditar imediatamente no filho. Mas
quem havia de pensar que uma aranha poderia acender uma luz?
Quando o Ted adormeceu, a mãe
debruçou-se sobre a cama dele e beijou-o suavemente na testa.